sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Três novos medicamentos para tratar esclerose múltipla em Portugal

Três novos medicamentos para tratar a esclerose múltipla estão a aguardar comparticipação na Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) e deverão ser disponibilizados aos doentes ainda este ano, avança a agência Lusa, citada pelo Diário Digital.
"Temos muitos medicamentos novos a chegar, este ano esperamos ter três cá em Portugal, já estão aprovados pela Agência Europeia do Medicamento, mas estamos a aguardar a comparticipação do Infarmed", disse à Lusa a neurologista Maria José de Sá, presidente do Congresso Internacional de Esclerose Múltipla, que se realiza sexta-feira e sábado, no Porto.
Segundo Maria José de Sá, coordenadora da Consulta de Doenças Desmielinizantes do Centro Hospitalar de S. João, os doentes contam agora com "dois medicamentos orais, em formulação de comprimidos" para substituir os auto-injectáveis, por via subcutânea ou por via intramuscular.
"É muito mais fácil os doentes aderirem a uma terapêutica oral e aceitarem a doença, sobretudo numa fase de diagnóstico, em que ficam muitos baralhados e muito preocupados. O facto de a medicação ser auto-injectável é um factor acrescido de preocupação", sublinhou.
O terceiro medicamento que, de acordo com a especialista, "está no Infarmed a aguardar comparticipação, é um anticorpo monoclonal, pertence aos biológicos que são dados no hospital de dia, tem um custo maior, mas é um medicamento para casos muito graves".
Esta terapêutica destina-se "a casos seleccionados e serão poucos doentes. Ainda não há indicação do preço, mas mesmo que seja um pouco superior o impacto que traz aos hospitais será pequeno, porque são poucos doentes", considerou.
Com os novos tratamentos, "os efeitos colaterais são menores e há um ligeiro aumento da eficácia em termos de redução dos surtos e de impacto no atraso da doença, que é o que se pretende com estas terapêuticas, que não são curativas, só atrasam a progressão", acrescentou.
Em alguns casos, "conseguimos travar a doença, há mesmo doentes em que ela [esclerose múltipla] não tem qualquer evolução", salientou, referindo que "a maior parte dos doentes, 80 por cento, tem uma vida normal".
Os tratamentos inovadores é um dos assuntos em destaque no 3.º Congresso Internacional de Esclerose Múltipla, cujo programa científico abordará também, entre outros temas, a esclerose múltipla pediátrica e os custos da doença na Europa.
A esclerose múltipla é uma doença inflamatória e desmielinizante crónica do sistema nervoso central, de etiologia desconhecida, que se inicia geralmente entre os 20 e os 40 anos e é mais frequente no sexo feminino.

RCM Pharma

Estudo simplifica cálculo de frequência cardíaca para exercícios

A frequência cardíaca (FC) é a variável de saúde cardiovascular mais simples e fácil de verificar, e com o advento de diversos tipos de aparelhos de monitoramento portáteis é cada vez mais comum ver atletas profissionais e de ocasião de olho no número de batidas de seu coração por minuto (bpm) durante a prática de exercícios. Nessas horas, porém, cada pessoa tem uma FC máxima que sinaliza quando atingiu seu limite de esforço e que serve para guiar a atividade física.
Mas para saber qual é sua FC máxima é preciso fazer um teste de esforço controlado em laboratório, o que muita gente não faz ou nunca fez. Diante disso, em academias e outros ambientes do tipo, também é comum o uso de equações simples, que levam em conta a idade do praticante, para calcular qual seria este número para seu caso. Tais estimativas, no entanto, são falhas e, pelo menos para jovens adultos, com entre 18 e 35 anos, o melhor é adotar um valor fixo de 188 bpm, aponta estudo realizado por pesquisadores brasileiros e publicado esta semana no periódico científico “International Journal of Cardiology”.
Principal autor do estudo, o médico Claudio Gil Araújo, professor visitante do Instituto do Coração da UFRJ e especialista em medicina esportiva, explica que, quanto maior a frequência máxima, mais “saudável” é considerada a pessoa. Com a idade, porém, a frequência tende a cair, e por isso as fórmulas recebem tanta atenção. Mas à frente da Clínica de Medicina do Exercício, onde já atendeu milhares de pessoas, Araújo observou que, embora para pessoas mais velhas estas equações ainda se mostrem úteis, para os jovens adultos as variações na FC máxima são muito pequenas — o que o motivou a buscar um número que melhor refletisse a totalidade deste universo.
— O ideal mesmo é que, antes de começar uma prática regular de exercícios, cada pessoa faça um teste controlado de esforço para descobrir qual é sua real FC máxima. Mas como em geral jovens de 18 a 35 anos saudáveis não têm razão para fazer este exame, a não ser que queiram treinar para serem atletas de elite, atribuir o valor constante de 188 bpm para eles se mostrou um melhor preditor do que as fórmulas normalmente usadas — afirma. — Observamos e juntamos as peças para mostrar que não há bases biológicas para acreditar que a FC máxima varie tanto entre os jovens adultos, numa forma de facilitar ainda mais a prática de exercícios, que é comprovadamente benéfica para a saúde em diversos níveis.

Fonte: O Globo