sábado, 22 de setembro de 2018

ARRANCAR UM FIO DE CABELO BRANCO FAZ NASCER VÁRIOS OUTROS NO MESMO LUGAR?



Um dia você se olha no espelho e ele está lá, saltando aos seus olhos, um fio de cabelo branco! Sem pesar muito, você arranca o "intruso" da sua cabeça. Mas aí se lembra de ter ouvido que ao fazer isso nascerão vários outros no mesmo lugar, e bate aquele arrependimento. Pois pode parar se de preocupar, essa história não passa de um mito. 


O que acontece quando arrancamos um fio de cabelo branco? 
Não se sabe exatamente com quantos folículos capilares --local onde fica a raiz do fio -- uma pessoa nasce, mas estima-se que seja algo entre 100 e 150 mil. O fato é que a imensa maioria deles tem apenas um fio. Sendo assim, ao arrancar um branco, o que acontecerá é que outro surgirá em seu lugar. A má notícia para quem não curte a cabeleira grisalha, é que ele continuará sem cor. 

Mas, então, por que parece que os cabelos brancos se multiplicam? O primeiro ponto é que eles se destacam quando estão perto dos escuros. Além disso, o fio de cabelo branco cresce mais rapidamente e tem uma textura diferente, um pouco áspera, o que faz com que ele chame ainda mais a atenção. 

É preciso salientar que arrancar cabelos brancos de vez em quando não faz mal algum. Porém, ao repetir essa atitude excessivamente, você corre o risco de traumatizar a raiz e machucar o couro cabeludo. 

Por que os fios ficam brancos? 
Como praticamente tudo no nosso corpo, o cabelo tem seu ciclo de vida e também envelhece. E um dos sinais disso é justamente o embranquecimento. A mudança de cor ocorre porque os melanócitos, células produtoras de melanina, a proteína que dá cor às madeixas, “param de funcionar” e de transmitir o pigmento --tudo de forma gradual. 

Não dá para saber quando a cabeleira começará a ficar grisalha, pois depende da genética --a idade em que os fios do seu pai e dos seus avôs começaram a ficar brancos pode ajudar você a ter uma ideia. Em algumas pessoas esse processo natural se inicia na adolescência. Em outras, após os 60 anos. 

Vale destacar que o estresse, por provocar a oxidação celular, pode adiantar o momento. A recomendação para evitar que isso aconteça é manter uma vida saudável e o equilíbrio emocional. Também pode-se recorrer a vitaminas e agentes oxidantes. 

Cuidados com o cabelo branco 
Não é porque o cabelo ficou branco que ele será mais frágil ou doente. A única diferente em relação ao ruivo, loiro, castanho ou preto é que ele deixa de ter a proteção da cor, tornando-se mais suscetível à ação do sol e com tendência a amarelar. Nesse caso, o ideal é usar boné ou chapéu, produtos com filtro solar e, uma vez por semana, xampu violeta para neutralizar o tom amarelo. 

Também é indicado optar por xampus específicos para grisalhos. Fora isso, quem não quiser manter as madeixas brancas tem como alternativas os tonalizantes --indicados para pessoas com poucos fios brancos -- e as tinturas --quando mais de 20% do cabelo já perdeu a cor). No mais, os cuidados são os básicos: evitar água muito quente, secador na temperatura máxima e procedimentos químicos --se quiser realmente realizá-los, ao menos aumente o intervalo entre eles. 

Fontes: Caio Lamunier, dermatologista do Hospital das Clínicas de São Paulo; Emily Alvernaz, dermatologista da Clínica Goa (RJ); e Rodrigo Pirmez, coordenador do Departamento de Cabelos da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) - Regional Rio de Janeiro - e dermatologista da clínica Dr. André Braz (RJ). 


Renata Turbiani

Colaboração para o VivaBem

quinta-feira, 29 de março de 2018

DIABETES: AS NOVAS TÁTICAS E TECNOLOGIAS PARA O CONTROLE ADEQUADO

Lançamentos de exames modernos levantam a questão sobre o que é um bom manejo dessa doença, perigosa justamente por não dar muitos sintomas

Não é novidade para ninguém: o Brasil vivencia uma das piores crises econômicas da sua história. Uma das consequências inevitáveis desse processo é o atual recorde de 14 milhões de desempregados. Mas outro problemão ronda o país e passa um tanto despercebido.

Esse mesmo número de 14 milhões é a quantidade de brasileiros com diabetes, quadro marcado por dificuldades no controle dos níveis de açúcar no sangue. Com um detalhe bem sórdido nessa estatística: metade dessas pessoas nunca recebeu o diagnóstico e segue a vida como se nada tivesse acontecido.

Falta de acesso à informação e a ausência de políticas públicas robustas impedem que muitos saibam de sua condição e iniciem o tratamento adequado. “Todos os indivíduos com mais de 40 anos e aqueles que são hipertensos, estão acima do peso ou possuem histórico familiar de diabetes deveriam verificar a glicemia regularmente”, diz o clínico geral Augusto Pimazoni-Netto, do Hospital do Rim da Universidade Federal de São Paulo.

No exame de sangue, resultados superiores a 100 miligramas por decilitro (mg/dl) após jejum de oito horas já preocupam. Se eles ultrapassam os 126 mg/dl, o diabetes está praticamente confirmado. É necessário ratificar os achados por outros métodos, como o teste de tolerância à glicose, que envolve beber um líquido açucarado e ver como o corpo reage, e a hemoglobina glicada, uma média dessas taxas nos últimos três meses.

A partir do momento em que ela é detectada, o médico prescreve remédios e propõe mudanças no estilo de vida – tudo com o objetivo de manter a glicose na meta. Para acompanhar e corrigir desvios de rota, é importante vigiar de perto o sobe e desce do açúcar. Isso geralmente é realizado por meio de um furo na ponta do dedo e uma gota de sangue. O glicosímetro, um aparelhinho portátil, é capaz de fazer a análise desse material em questão de minutos.

Diversos estudos demonstram que o controle rígido evita encrencas bastante comuns. Uma pesquisa da australiana Universidade de Sydney, publicada no reputado periódico The Lancet, reuniu dados de 27 mil diabéticos e concluiu que a monitorização constante diminui em 20% o risco de danos aos rins e em 13% as lesões oculares, duas temidas repercussões da doença.

Mas quantas vezes ao dia o indivíduo deveria repetir a picada no dedo em casa? 

Não existe uma fórmula mágica. Em linhas gerais, quando o diabetes (seja o tipo 1, seja o tipo 2) exige tratamento com insulina, se recomenda checar até sete vezes ao longo das 24 horas: antes e depois das refeições e inclusive na madrugada. “Nos diabéticos do tipo 2 que usam medicações orais e estão com a condição balanceada, não há recomendação de medidas tão fixas”, afirma o médico Airton Golbert, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Só não dá pra se esquecer de conferir de tempos em tempos.

Mas a estreia de uma nova tecnologia vem mudando pra valer a forma como o diabetes pode ser acompanhado. O Free-Style Libre, da Abbott, inaugurou a categoria dos sistemas de monitorização contínua da glicemia. Em vez de furos nos dedos, o diabético gruda um sensor do tamanho de uma moeda de 1 real na parte traseira do braço, que fica ali por 14 dias seguidos.

Caso ele queira saber a taxa, basta aproximar ao sensor um dispositivo parecido com um celular, que aponta o saldo na tela. Mais do que isso, o apetrecho, vendido há cerca de um ano por aqui, indica a tendência de queda ou alta do açúcar nas próximas horas, o que ajuda a evitar quadros de excesso ou falta de glicose, as famigeradas hiper e hipoglicemia.

Estudos vêm mapeando como a novidade traz vantagens na prática. A análise de 50 mil usuários revela um acréscimo de quase cinco horas no tempo de permanência dentro da faixa ideal de glicemia estabelecida. “Eles ainda checam a glicose 16 vezes ao dia, número muito superior ao que vemos normalmente”, observa Sandro Rodrigues, gerente da Divisão de Cuidados para Diabetes da Abbott Brasil.

Analisar de perto as curvas glicêmicas do diabético – especialmente o tipo 1 e o tipo 2 que demanda insulina – é o sonho de qualquer profissional de saúde. Isso permite flagrar alterações que antes eram imperceptíveis. “Vamos imaginar dois sujeitos com uma média de glicemia de 120 mg/dl no dia, que é um valor bom. Um deles tem variação de 110 a 130 mg/dl e outro de 30 a 300 mg/dl.

Qual deles está realmente controlado?”, questiona o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto. Em outras palavras, por mais que o valor mediano esteja ok – como até acusa o exame de hemoglobina glicada -, a inconstância provoca estresse no organismo e leva a uma série de encrencas.

Detalhe: na maioria das vezes, essas subidas e descidas não dão sintoma algum! E olha que a hipoglicemia pode desembocar em desmaios, coma e até morte súbita. A hiperglicemia, por sua vez, lesa os vasos sanguíneos, propiciando, com o tempo, cegueira, falência dos rins, infarto e AVC. “O diabetes não é uma doença que se sente, mas uma doença que se mede”, sentencia Couri.

No mundo high tech

O FreeStyle Libre é pioneiro em um segmento que vai se expandir nos próximos anos. Várias empresas estão trabalhando em suas versões. É o caso da americana GlySens Incorporated. Eles desenvolveram um sensor implantado debaixo da pele que dura até 12 meses.

As pesquisas com seres humanos estão em andamento e, por enquanto, não há previsão de lançamento. Outra opção vem da Dexcom, também dos Estados Unidos. O invento deles apresentou boas performances em testes iniciais.

Até os clássicos glicosímetros foram repaginados e ficaram mais modernos. A Johnson & Johnson, por exemplo, acaba de disponibilizar um aparelho que trabalha com um sistema de cores: o visor fica verde se o valor estiver nos limites, vermelho quando se mostra acima e azul quando fica abaixo. É possível personalizar as metas de acordo com cada perfil. “Essa inovação possibilita ao usuário entender melhor o significado daqueles dados”, explica Manoela Cordeiro, gerente de produto da companhia.

Há ainda aplicativos de celular disponíveis que facilitam a vida de quem tem o sangue adocicado. Alguns calculam o carboidrato ingerido durante a refeição e a dose de insulina a ser injetada. “Muitos trazem informações relevantes e auxiliam, desde que tenham o aval do especialista que faz o seguimento”, pondera o endocrinologista Luiz Turatti, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes.

Não tem volta: a tecnologia vai mudar muita coisa no controle dessa condição. Mas nunca vai substituir o contato entre médico e paciente. Essa parceria e a adesão ao plano proposto continuarão determinantes para o sucesso do tratamento.

A escalada do açúcar no sangue

Ficar no intervalo seguro de glicemia minimiza várias enrascadas

Hipoglicemia

Abaixo de 70 mg/dl. Desmaio, náusea, fraqueza, coma e morte súbita.

Faixa normal

Entre 70 e 140 mg/dl.

Hiperglicemia

Acima de 140 mg/dl. Doenças cardíacas, renais, oculares e neurológicas.

Medidas extras

Outras avaliações são essenciais para se adiantar às complicações

Perfil lipídico

É comum que diabéticos tenham colesterol alto, o que eleva o risco de panes cardiovasculares.

Função renal e hepática

O aumento de certas partículas sinaliza que algo não vai bem no fígado ou nos rins. É pra ficar atento!

Fundo de olho

Tem o objetivo de ver se está tudo bem na retina e antecipar danos à visão, como a retinopatia.

Avaliação neurológica

Realizada por meio de questionários no consultório, observa se o sistema nervoso não foi afetado.

Exame dos pés

Esquadrinha a pele para ver frieiras e feridas, que infeccionam e podem até exigir amputação.

Por André Biernath
Revita Saúde

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

DIABETES: VEJA 6 COISAS ESTRANHAS QUE PODEM CAUSAR A DOENÇA


Para manter o risco de diabetes 2 --ligado a obesidade e má alimentação-- o mais longe possível, sabemos que não existe muito segredo: é preciso comer direito e de forma saudável, além de ser uma pessoa ativa e dentro do peso, de acordo com a altura. Mas é bom saber que essas não são as únicas formas de prevenção possíveis.
Acredite ou não, existem outros fatores em jogo que podem aumentar suas chances de desenvolver a doença. E alguns são bastante surpreendentes. A revista Prevention listou seis deles!

Fazer dieta sem glúten sem necessidade
A menos que seja realmente necessário, não devemos abandonar o trigo, a cevada e o centeio. Isso porque as pessoas que consomem regularmente glúten são 13% menos propensas a desenvolverem diabetes em comparação com aqueles que se afastam da substância, ressalta um estudo da American Heart Association, que envolveu quase 200 mil adultos. 

Uma das hipóteses diz que quem evita o glúten tende a comer menos grãos inteiros ricos em fibras, que desempenham um papel importante na redução do risco de diabetes. Além disso, dietas com fibras elevadas estão associadas a melhora da sensibilidade a insulina, inflamação reduzida e menor pressão arterial e colesterol.


Passar muito tempo sozinho
Óbvio que você pode deitar no sofá, assistir a Netflix e não falar com ninguém de vez em quando, mas não o tempo todo. Uma pesquisa da BMC Public Health demonstrou que o isolamento social está vinculado a um maior risco de diabetes tipo 2, aumentando também as chances de demência. As mulheres com 40 a 75 anos que não participaram de atividades sociais eram 112% mais propensas a terem diabetes em comparação com aquelas com redes sociais fortes. 

Os especialistas não entendem completamente a conexão, mas é sabido que as pessoas que se isolam da família e dos amigos são mais propensas a estarem deprimidas - o que é um fator de risco para o diabetes. Então, chame um amigo e faça planos para tomar café ou ver um filme. Você ficará feliz por ter feito isso.


Cortar café
Existem muitos motivos para você sentir-se bem após a sua dose diária da bebida. Incluindo o fato de que pessoas que cortaram seu consumo em mais de um copo por dia, ao longo de um período de quatro anos, foram 17% mais propensas a terem diabetes em comparação com aqueles que não fizeram uma alteração, de acordo com um recente estudo de Harvard. E aqueles que adicionaram um copo extra melhoraram ainda mais - diminuindo seu risco de diabetes em 11%. (Os achados são aplicados apenas ao café com cafeína.) 

Os especialistas não entendem completamente os efeitos protetores da cafeína, mas bebê-lo parece promover níveis mais baixos de açúcar no sangue. Apenas não corte os benefícios enchendo a bebida de açúcar ou outro adoçante. Se você não suportar o sabor, tente usar adoçante do tipo stevia.


Usar enxaguante bucal
Aqui um dado estranho, mas verdadeiro: aqueles que enxaguam a boca com esse tipo de produto duas vezes ao dia são 55% mais propensos a serem diagnosticados com diabetes tipo 2 dentro de três anos, quando comparados com aqueles que nunca usam esse tipo de produto, mostrou um estudo da Universidade do Alabama (EUA). 

Mais pesquisas são necessárias para entender a conexão, mas o lavagem bucal funciona limpando as bactérias da sua boca - tanto as do tipo ruim quanto do bom tipo. E alguns desses microorganismo ??são pensados ??para desempenhar um papel na regulação do açúcar no sangue, e matá-los poderia tornar mais difícil para seus níveis permanecerem estáveis.


Comer muito sal
O excesso de consumo de sódio pode fazer com que você tenha maior probabilidade de sobrepeso ou desenvolva hipertensão --dois grandes fatores de risco para diabetes. Mas não é tudo. Isso também pode ter um impacto direto na resistência à insulina, dizem novos achados suecos. 

De fato, para cada extra 1.000 mg de substâncias de sódio consumidas, o risco de diabetes aumentou 43%. Sua melhor aposta? Tentar manter a sua ingestão de sódio abaixo de 2.300 mg por dia, recomenda a American Heart Association. Se você conseguir abaixo de 1.500 mg, ainda melhor.


Tomar estatinas
Esse tipo de medicamento pode ser uma ferramenta importante para controlar seu colesterol. Mas tomar estatinas também está ligado ao risco ligeiramente aumentado de diabetes tipo 2, de acordo com uma análise de 2010 de 13 estudos, que envolveram 91 mil participantes. Achados mais recentes, publicados em 2017, descobriram ainda que o uso de estatinas aumentou as probabilidades de diabetes em até 36%. 

Como os dois estão relacionados não é totalmente claro. Ter um colesterol elevado em si é um fator de risco para o diabetes, por isso pode ser que as pessoas que tomam estatinas já estão predispostas a desenvolver o DT2. Ainda assim, vale a pena considerar suas opções se o seu médico disser que precisa fazer algo sobre seu colesterol.

Do VivaBem, em São Paulo
17/01/2018 19h08 

sábado, 13 de janeiro de 2018

COMIDAS GORDUROSA E CALÓRICA

Junk Food torna o sistema imunológico mais agressivo a longo prazo, mostra estudos



O sistema imunológico reage de forma semelhante a uma dieta rica em gorduras e altas em calorias quanto a uma infecção bacteriana. Isto é demonstrado por um estudo recente liderado pela Universidade de Bona. Particularmente perturbador: alimentos insalubres parecem tornar as defesas do corpo mais agressivas no longo prazo. Mesmo muito tempo depois de mudar para uma dieta saudável, a inflamação para estimulação imune inata é mais pronunciada. Essas mudanças a longo prazo podem estar envolvidas no desenvolvimento de arteriosclerose e diabetes, doenças associadas ao consumo de dieta ocidental.

Os resultados são publicados na revista Cell.

Os cientistas colocaram ratos durante um mês na chamada "dieta ocidental": alta em gordura, alta em açúcar e baixa fibra. Os animais, consequentemente, desenvolveram uma forte resposta inflamatória em todo o corpo, quase como após a infecção por bactérias perigosas.

"A dieta não saudável levou a um aumento inesperado do número de certas células imunes no sangue dos ratos, especialmente granulócitos e monócitos. Esta foi uma indicação para o envolvimento de progenitores de células imunes na medula óssea", explicou Anette Christ, pós-doutorado no Institute of Innate Immunity da Universidade de Bonn. Para entender melhor essas descobertas inesperadas, os progenitores de medula óssea para grandes tipos de células imunes foram isolados de camundongos alimentados com uma dieta ocidental ou com dieta de controle saudável e uma análise sistemática de sua função e estado de ativação foi realizada.

"Os estudos genômicos, de fato, mostram que a dieta ocidental ativou um grande número de genes nas células progenitoras. Os genes afetados incluíam os responsáveis ​​pela proliferação e maturação", disse Joachim Schultze, do Instituto de Ciências da Vida e da Medicina (LIMES) na Universidade de Bona e no Centro Alemão de Doenças Neurodegenerativas (DZNE). Fast food faz com que o corpo rapidamente recrute um exército enorme e poderoso. Quando os pesquisadores ofereceram aos roedores sua dieta típica de cereais por mais quatro semanas, a inflamação aguda desapareceu. O que não desapareceu foi a reprogramação genética das células imunes e seus precursores: mesmo após essas quatro semanas, muitos dos genes que foram ativados durante a fase de fast food ainda estavam ativos.

"Sensor de fast food" nas células imunes

"Recentemente descobriu-se que o sistema imunológico inato possui uma forma de memória", explicou Eicke Latz, diretor do Institute for Innate Immunity of the University of Bonn e cientista da DZNE. "Após uma infecção, as defesas do corpo permanecem em um tipo de estado de alarme, para que possam responder mais rapidamente a um novo ataque". Os especialistas chamam esse "treinamento imune inato". Nos camundongos, este processo não foi desencadeado por uma bactéria, mas por uma dieta não saudável.

Estas respostas inflamatórias podem, por sua vez, acelerar o desenvolvimento de doenças vasculares ou diabetes tipo 2. Na arteriosclerose, por exemplo, os depósitos vasculares típicos, as placas, consistem principalmente em lipídios e células imunes. A reação inflamatória contribui diretamente para o seu crescimento, porque as células imunes recém-ativadas migram constantemente para as paredes do vaso alteradas. Quando as placas crescem demais, elas podem explodir, levando a coagulação do sangue e são levadas pela corrente sanguínea e podem obstruir as embarcações. Possíveis consequências: acidente vascular cerebral ou ataque cardíaco.

Os cientistas foram mais capazes de identificar o responsável "sensor de fast food" nas células imunes. Examinaram células sanguíneas de 120 indivíduos. Em alguns dos assuntos, o sistema imune inato mostrou um efeito de treinamento particularmente forte. Nesses assuntos, os pesquisadores encontraram evidências genéticas do envolvimento de um chamado inflammasoma. Inflammasomes são complexos de sinalização intracelular chave que reconhecem agentes infecciosos e outras substâncias prejudiciais e, posteriormente, liberam mensageiros altamente inflamatórios. Como é que exatamente o inflammasome NLRP3 reconhece a exposição do corpo a dietas de tipo ocidental permanece a ser determinado.

Curiosamente, além da resposta inflamatória aguda, isso também tem consequências a longo prazo para as respostas do sistema imunológico: a ativação pela dieta ocidental altera a forma como a informação genética é embalada. O material genético é armazenado no DNA e cada célula contém várias cadeias de DNA, que em conjunto têm cerca de dois metros de comprimento. No entanto, eles geralmente são enrolados em torno de certas proteínas no núcleo e, portanto, muitos genes no DNA não podem ser lidos porque são simplesmente demasiado inacessíveis.

O consumo insalubre faz com que alguns desses pedaços de DNA normalmente ocultos se desenrolem, semelhante a um loop pendurado numa bola de lã. Esta área do material genético pode então ser lida muito mais fácil, desde que esta desembalagem temporária permaneça ativa. Os cientistas chamam esses fenômenos de mudanças epigenéticas.

"O inflammasome desencadeia tais mudanças epigenéticas", disse Siad Latz. "O sistema imunológico reage, consequentemente, a pequenos estímulos com respostas inflamatórias mais fortes".

Consequências dramáticas para a saúde

A nutrição errada pode assim ter consequências dramáticas. Nos últimos séculos, a expectativa de vida média aumentou constantemente nos países ocidentais. Esta tendência está sendo quebrada pela primeira vez: os indivíduos nascidos hoje viverão em vidas médias mais curtas do que seus pais. Dietas pouco saudáveis ​​e muito pouco exercício provavelmente desempenham um papel decisivo nisso.

"Essas descobertas, portanto, têm relevância societária importante", disse Latz. "Os fundamentos de uma dieta saudável precisam tornar-se uma parte muito mais proeminente da educação do que são atualmente. Somente dessa maneira podemos imunizar as crianças em estágio inicial contra as tentações da indústria de alimentos. As crianças têm a escolha do que eles comam todos os dias. Devemos capacitá-los a tomar decisões conscientes sobre seus hábitos alimentares ".
01/12/2018
Universidade de Bonn

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

CURA PARA A CALVÍCIE PODE TER SIDO ENCONTRADA



Investigadores norte-americanos conseguiram fazer crescer folículos capilares de forma natural, usando células-tronco de ratos.

Cientistas conseguiram reproduzir em laboratório uma pele completa com folículos capilares, naquele que pode ser o primeiro passo real para a cura da calvície.

Os investigadores usaram células estaminais de ratos e a grande conquista foi terem conseguido criar pele com as duas camadas - epiderme e derme - pela primeira vez. O processo em que a pele foi criada tornou possível que os folículos se formassem da mesma forma que no corpo do roedor.

A investigação, publicada no jornal científico Cell Reports, também poderá ser útil para testes de drogas e na redução dos testes em animais.

A terapia com células estaminais para um possível tratamento para a perda de cabelo já existe há vários anos. Embora os métodos de geração de tecido da pele tenham sido desenvolvidos, ficaram aquém da realidade.

Karl Koehler, professor na Universidade de Indiana, começou então a usar células estaminais pluripotentes - que se podem transformar em qualquer órgão. A ideia inicial da pesquisa era criar pequenas versões do ouvido interno, conhecidas como "organoids" (modelos simples e tridimensionais de um órgão, reproduzidos in vitro)

Mas a equipa descobriu que elas estavam a gerar células da pele, além do tecido interno da orelha, então decidiram tentar coagulá-las para fazer crescer folículos pilosos. E estes cresceram, tal como a pele, e da forma como acontece na Natureza. Fazer crescer o cabelo naturalmente está, então, cada vez mais perto.
Diário de Notícias

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

NEM SEMPRE É A MEMÓRIA: ALZHEIMER AFETA VISÃO, LINGUAGEM E MOTIVAÇÃO




Metade dos pacientes com Alzheimer pode não ter problemas de memória no início da doença

O mal de Alzheimer costuma ser associado a momentos de falta de memória, no entanto, nem sempre a memória é prejudicada no início da doença. Os sintomas podem se manifestar em problemas na linguagem, desorientação espacial ou mesmo falta de motivação, alerta Marek-Marsel Mesulam, diretor de neurologia cognitiva da Universidade de Northwestern.
A descoberta muda o diagnóstico clássico da doença, que afeta mais de um milhão de pessoas no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Uma boa memória passa a não ser suficiente para descartar o Alzheimer como doença possível em seus primeiros sintomas.
"Há uma tendência de achar que Alzheimer é uma doença da memória que atinge os mais velhos, mas na verdade há diferentes tipos de Alzheimer", afirma Mesulam. "Algumas vezes a memória é o maior problema, mas não é sempre."
O neurologista norte-americano explica que são quatro os tipos de Alzheimer diagnosticados entre os 40 e 70 anos. Um deles afeta principalmente a memória, e é o tipo mais conhecido. No entanto, em outras três formas, o paciente pode não ter qualquer sintoma de falta de memória no início da doença.

O sintoma principal pode ser a afasia, quando a pessoa não encontra as palavras sistematicamente na hora de se expressar. Em outro tipo, há uma acentuada perda de motivação em atividades pelas quais a pessoa costumava se interessar ou por pessoas de seu círculo social, ou ainda elas estão fazendo coisas inapropriadas --"comprando demais, comendo demais".
Em uma quarta forma da doença, os primeiros sintomas aparecem com dificuldades de orientação.
O paciente não encontra as coisas, em casos mais dramáticos não veem os objetos mesmo quando estão à sua frente, parece que ele está sempre olhando para o lugar errado. Às vezes, o paciente não consegue fazer a cama por não achar a orientação correta do lençol."

M-Marcel Mesulam, pesquisador
Mudança no diagnóstico, alteração no tratamento
A importância desse novo olhar é a busca de um diagnóstico precoce correto --quanto mais cedo o diagnóstico, antes é possível começar o tratamento que retarda a doença, tendo em vista que ainda não há cura.
Segundo o pesquisador, a doença já está presente no cérebro dos pacientes muitos anos antes dos primeiros sintomas.
"É importante saber que se nem todo Alzheimer é igual, os tratamentos psicossociais devem ser diferentes", lembra Mesulam. A terapia usada para pessoas com problemas graves de memória não vai funcionar para um paciente que tenha problemas de linguagem, por exemplo.
A predominância dos tipos de Alzheimer que não têm a memória como sintoma principal pode chegar a metade dos casos entre pacientes de 40 a 70 anos, estima o pesquisador norte-americano.
O quadro foi apresentado no Congresso Mundial de Cérebro, Comportamento e Emoções, que aconteceu em Porto Alegre.

Em relação aos medicamentos, Mesulam diz que, teoricamente, as drogas devem funcionar para todos os tipos. No entanto, são necessários estudos específicos.



Envelhecimento da população acende alerta
Em 2010, o Brasil tinha 19,6 milhões de idosos (10% da população brasileira). A estimativa do IBGE é de que essa população triplique até 2050, chegando a 66,5 milhões de pessoas.

A doença é mais comum conforme a idade avança. Em um estudo brasileiro de 2004, Ricardo Nitrini, professor da USP (Universidade de São Paulo), observou que, após os 65 anos, a taxa de demência dobra a cada 5 anos.
O Alzheimer é responsável por mais da metade dos casos de demência acima dos 65 anos, segundo o Ministério da Saúde.
Ainda pouco se sabe sobre como evitar o Alzheimer, no entanto, ao que parece, ter atividades desafiadoras para a mente aumenta o número de conexões criadas entre as células nervosas, e isso retarda os sintomas mais graves da doença.
Cristiane Capuchinho
Do UOL, em Porto Alegre

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

TESTE PODERÁ DETECTAR ALZHEIMER ANTES DOS PRIMEIROS SINTOMAS


Segundo os pesquisadores, embora ainda seja experimental, esse poderá ser o biomarcador ideal já que, até agora, foi 100% exato
Um novo teste não invasivo poderá ser capaz de detectar o Alzheimer de forma precoce, antes que sintomas fiquem evidentes. É o que sugere um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Zagreb, na Croácia.
Para o estudo, os pesquisadores realizaram exames neurológicos em 20 indivíduos com idade entre 63 e 87 anos. A metade dos participantes possuía habilidade cognitiva normal e o restante apresentava sinais de comprometimento. Todos os participantes foram submetidos a um exame chamado ‘magnetoencefalografia’, uma técnica de imagem para mapeamento do cérebro.

Resultados
Eles descobriram que as regiões pré-frontais dos cérebros dos participantes saudáveis ​​reagiram aos testes realizados. Por outro lado, entre os participantes que apresentaram sintomas associados à doença de Alzheimer as mesmas regiões não foram ativadas.
“É altamente provável que esses indivíduos tenham uma fase pré-clínica de Alzheimer, uma vez que mostram danos neuropsicológicos e neurofisiológicos característicos desse tipo de demência”, disse Sanja Josef Golubic, que fez parte do estudo. Os pesquisadores acreditam que, embora ainda seja experimental, esse pode ser o biomarcador ideal já que, até agora, foi 100% exato.
Doug Brown, da Associção Americana de Alzheimer, afirmou ao Daily Mail que, embora os resultados sejam animadores, ainda é muito cedo para tirar conclusões. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Human Brain Mapping.

Alzheimer
Não existe cura para o Alzheimer, mas os tratamentos atuais são capazes de diminuir os sintomas. Os pesquisadores do novo estudo esperam que o método poderá ajudar os médicos a diagnosticar e tratar o problema de forma mais eficiente. Nos Estados Unidos, a taxa de mortalidade da doença está aumentando — o que poderia ser um sinal da crescente taxa de expectativa de vida, já que os sintomas da doença geralmente não começam até a meia idade.
O grande desafio é detectar o aparecimento da doença em indivíduos com a capacidade cognitiva intacta, na esperança de que os traços da doença possam ser reversíveis. A doença pode progredir por mais de uma década antes de os pacientes apresentarem demência.
FONTE: VEJA – Saúde - Publicado em 4 out 2017, 18h37