domingo, 6 de janeiro de 2019

É MELHOR OBTER VITAMINA D POR MEIO DO SOL OU ALIMENTAÇÃO?



Já faz algum tempo que a vitamina D ganhou status de ser uma das substâncias mais importantes para a saúde. Não é por menos. Estudos mostram que ela ajuda a proteger os ossos, a evitar problemas cardiovasculares, a manter o peso sob controle e até a combater gripes e resfriados.

Presente em alimentos como salmão, atum, leite e derivados, ovo e shitake, a vitamina D precisa da exposição da pele ao sol, sem proteção, para ser sintetizada pelo organismo. Porém, isso não é recomendado por especialistas, pois pode trazer problemas como envelhecimento precoce e câncer de pele. “Não há nível de exposição solar seguro”, alerta Rodrigo Munhoz, vice-presidente para Ensino da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e membro-diretor do Grupo Brasileiro de Melanoma.

Então, fica a dúvida, como garantir a quantidade adequada de vitamina D? O mais indicado é caprichar na ingestão de alimentos ricos no nutriente e se proteger do sol.

"Antes, não se media a absorção de vitamina D pelo organismo. De repente, começou a se quantificar e ver que muitas pessoas têm deficiência séria dessa substância. Aí, passaram a acreditar que, talvez, as pessoas estivessem se protegendo demais do sol --o que não é verdade, porque a gente sabe que as pessoas não se protegem demais, aliás, elas se protegem de menos”, afirma José Antônio Sanches, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Peixes como salmão e atum, leite, ovo e queijo são boas fontes de vitamina D.


De acordo com Sanches, é fato que quanto mais sol se toma, maior o nível de vitamina D no corpo. Entretanto, há vários perigos nessa exposição solar. “É questão de bom senso. Tem de pesar risco e benefício. Eu posso sintetizar mais o nutriente quando tomar sol, mas também aumento muito a possibilidade de ter câncer de pele e de envelhecer a derme.” 

Mesmo sendo bastante popular, não há relação linear entre a absorção de vitamina D e a exposição solar para todos os indivíduos. “Existem pessoas que, apesar de tomarem muito sol, ainda têm dificuldade de atingir o nível adequado do nutriente”, diz Munhoz.

Segundo Sanches, pode ser que fatores individuais interfiram na sintetização da substância pela pele. “Deve ter alguma questão genética aí no meio que ainda não foi bem compreendida.” 

Por isso, o mais indicado mesmo é montar um cardápio rico em vitamina D --ou usar suplementos, quando indicado pelo médico-- e nunca se esquecer de usar protetor, boné e tudo mais que tiver direito quando sair ao sol.

Gabriela Ingrid
Do Viver Bem

terça-feira, 6 de novembro de 2018

COLESTEROL ALTO NÃO TEM SINTOMAS, PODE SER GENÉTICO E PÕE CORAÇÃO EM RISCO.


Apenas 30% do colesterol nosso colesterol provêm da dieta e o restante é produzido no organismo

História familiar, sedentarismo e dieta inadequada são alguns dos fatores de risco para o colesterol alto

Quando se fala em colesterol, as pessoas logo pensam em ovo, bacon, e picanha, e se lembram que o alto nível desse tipo de gordura faz mal ao coração. Mas não pense que é só comer um hambúrguer com batata frita para que o colesterol no sangue aumente na hora. E mais: você pode evitar alimentos de origem animal e, ainda assim, não se ver livre do "colesterol ruim".

O QUE É E PARA QUE SERVE?

A rigor, o colesterol é um composto químico do grupo dos álcoois, para quem se lembra das aulas de química orgânica. Tem a textura e a aparência de uma cera. Apesar da péssima fama, o colesterol é essencial ao organismo: está presente na estrutura de todas as células, forma ácidos biliares que atuam na digestão, faz parte da composição dos hormônios e da vitamina D. Por ser solúvel apenas em gordura, é transportado e armazenado com ela. É por isso que as pessoas se referem ao colesterol como mais um tipo de gordura (ou lipídio). Triglicérides e os ácidos graxos são outros exemplos.

COLESTEROL É SÓ UM

Você já sabe que existe o "bom" e o "ruim", mas a verdade é que colesterol é só um. O que varia é seu meio de transporte. A carona, bem como o destino, depende das lipoproteínas, que são conglomerados de proteínas, gorduras e outras substâncias. Elas podem ser de alta ou de baixa densidade, dependendo da composição, e têm funções diferentes. 
O colesterol contido nas chamadas lipoproteínas de baixa densidade é chamado de LDL (do inglês low density lipoprotein). O LDL leva o colesterol para todas as nossas células e, em excesso, pode se depositar nas paredes das artérias, formando placas que aumentam o risco de infarto e derrame --processo conhecido como aterosclerose. É por isso que o LDL é o vilão da história, o "mau colesterol", e seu nível deve ser mantido baixo.

Já quem tira o colesterol das células, para ser eliminado, são as lipoproteínas de alta densidade, ou HDL  (do inglês high density lipoprotein).Ele é o mocinho da história, pois ajuda a evitar o entupimento das artérias, por isso é bom que esteja alto. 

Ainda existem as lipoproteínas de muito baixa densidade, ou VLDL (verylow density  protein), mais conhecidas como triglicérides. Em excesso, também colaboram para o acúmulo de placas nas paredes dos vasos sanguíneos. 

A soma de todo colesterol ligado às lipoproteínas tem o nome de colesterol total, outra medida que você encontra no resultado do exame para determinar o perfil lipídico. Quando há nível elevado de colesterol ruim e/ou triglicérides no sangue, e taxa baixa de HDL, dizemos que a pessoa tem dislipidemia. A condição é considerada um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares, principal causa de morte no país. 

A prevalência das dislipidemias varia, mas estudos indicam que pode chegar a 60% em alguns grupos populacionais. 

O CORPO PRODUZ MAIOR PARTE DO COLESTEROL

Apenas 30% do nosso colesterol provêm da dieta, ou seja, vem de fora do organismo (exógeno) --todos os alimentos de origem animal possuem colesterol em quantidades variáveis. A maior parte do nosso colesterol é produzida pelo próprio organismo (endógeno). 

COMO SE FORMA

Grande parte da fabricação acontece no fígado. O colesterol é, então, liberado na corrente sanguínea e distribuído para os tecidos, onde podem ser utilizados logo ou armazenado no tecido adiposo, a camada de gordura que temos abaixo da pele. As lipoproteínas de baixa densidade são capturadas por receptores no interior das células, e aí o colesterol livre é depositado. Já as partículas de HDL são formadas não só no fígado, como também no intestino e na circulação. 

GORDURA NÃO É TUDO IGUAL

As gorduras presentes nos alimentos, ou ácidos graxos, possuem diferentes estruturas. Elas podem ser classificadas como: 

. Saturadas: Presentes principalmente em alimentos de origem animal;

. Insaturadas (poli ou mono): Encontradas em óleos vegetais --como de girassol e azeite -- e em oleaginosas; 

. Trans: É obtida a partir de óleos vegetais, mas, ao ser submetida a um processo chamado hidrogenação, torna-se ainda mais prejudicial à saúde que a saturada.

De modo geral, uma dieta com excesso de gorduras saturadas ou trans pode levar ao aumento do colesterol ruim (LDL). Já as gorduras insaturadas podem combatê-lo. Mas há algumas pegadinhas: óleos vegetais ricos em poli-insaturados, como os de girassol, milho e soja, baixam o nível de LDL, mas não na mesma proporção em que as gorduras saturadas aumentam esse índice. E, em excesso, podem baixar o HDL e ter efeito inflamatório no organismo, o que também não é bom para a saúde. Já as gorduras monoinsaturadas, presentes no azeite, no abacate e no amendoim, parecem reduzir o LDL sem baixar o HDL. 

Por fim, é bom lembrar que o excesso de açúcares, ou carboidratos, também é convertido em gordura, ou melhor, triglicérides, se não houver gasto energético suficiente. Assim, nosso perfil lipídico depende de todos os nutrientes que consumimos, e também de nossas atividades diárias, metabolismo e, para complicar só mais um pouco, dos nossos genes.

FATORES DE RISCO

- História familiar: as dislipidemias podem ter origem genética e serem herdadas de pais para filhos. É a chamada hipercolesterolemia familiar, condição que raramente pode ser tratada apenas com mudanças no estilo de vida. Vários genes já foram associados à condição.

- Sedentarismo: a atividade física ajuda a "queimar" o colesterol ruim (LDL) e a aumentar o bom (HDL).

- Dieta inadequada: excesso de gorduras e carboidratos, somado à quantidade insuficiente de fibras e alimentos antioxidantes, pode causar aumento do colesterol ruim. 

- Obesidade e síndrome metabólica: muitas vezes a ingestão exagerada de calorias está associada à resistência à insulina, hormônio que metaboliza o açúcar e também está envolvido no armazenamento de gordura.

- Pré-diabetes e diabetes: como explicado acima, a resistência à insulina com frequência gera descontrole metabólico, aumentando o risco de hipercolesterolemia.

- Hipotireoidismo: o funcionamento insuficiente da glândula tireoide também pode interferir no metabolismo lipídico.

- Doenças renais ou do fígado: também podem prejudicar o metabolismo das gorduras;

- Abuso de álcool ou drogas: por causarem prejuízos ao fígado;

- Uso de certos medicamentos: certas substâncias, como a cortisona ou drogas para evitar a rejeição após transplantes, podem ser uma causa secundária de hipercolesterolemia

SINAIS E SINTOMAS

Ter colesterol elevado não provoca sintomas. Porém, em alguns casos, quando os valores estão extremamente elevados, é possível que haja alguns sinais clínicos, como:

. Arco córneo: Halo esbranquiçado nos olhos que aparece em indivíduos abaixo de 45 anos;

. Xantelasmas: Pontos amarelos de gordura ao redor dos olhos; 

. Xantomas: Depósitos de gordura amarelada em articulações ou tendões, como no calcanhar.

Quando a aterosclerose está avançada, o paciente pode ter angina (dor no peito) ou infarto.

DIAGNÓSTICO

Para saber se uma pessoa tem dislipidemia, o médico solicita um exame de sangue (lipidograma). Hoje não é mais necessário o jejum de 12 horas para medir o colesterol, apenas para os triglicérides, que são mais influenciados pela alimentação. 

Todos os indivíduos acima de 10 anos de idade devem ter o perfil de colesterol avaliado. Já em crianças cujos pais tiveram infarto ou doenças arteriais antes dos 55 anos e/ou mães antes dos 65 anos, a avaliação deve ser feita a partir dos 2 anos de idade. 

Valores de referência, de acordo com a diretriz de dislipidemias e prevenção da aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2017):

ADULTOS SAUDÁVEIS A PARTIR DE 20 ANOS (EMm mg/dl)

. Colesterol total - desejável: menor que 190 mg/dl

. LDL - ótimo: menor que 100 

. LDL - desejável: entre 100 e 129 

. LDL - limítrofe: entre 130 a 159 

. LDL - alto: de 160 a 189 

. LDL - muito alto: maior ou igual a 190 

. HDL - desejável: maior que 40 

. VLDL (triglicérides) - desejável: com jejum de 12 horas: menor que 150 

. VLDL - desejável sem jejum de 12 horas: menor que 175 

Para indivíduos com risco cardiovascular alto: a diretriz recomenda que o colesterol LDL esteja abaixo de 70 mg/dl e o colesterol não HDL (soma de todos os outros), abaixo de 100 mg/dl. 

Para indivíduos com risco muito alto, como quem já sofreu infarto ou AVC, o LDL deve ficar abaixo de 50 mg/dl e o colesterol não HDL, inferior a 80 mg/dl. O médico é quem determina os fatores de risco e define as metas.

CRIANÇA E ADOLESCENTE (EM mg/dl)

. Colesterol total - desejável: menor que 170 

. LDL - desejável: menor que 110 

. HDL - desejável: maior que 45 

. VLDL - desejável: de 0 a 9 anos: menor que 75 com jejum ou menor que 85 sem jejum

. VLDL desejável: de 10 a 19 anos: menor que 90 com jejum ou menor que 100 sem jejum

Quando o colesterol total está acima de 310 mg/dl é considerada a hipótese de hipercolesterolemia familiar. 

TRATAMENTO

Uma vez diagnosticado, o tratamento do colesterol elevado deve ser imediatamente iniciado, com adoção de mudanças no estilo de vida e, se necessário, uso de medicamentos. O mesmo é válido para quem tem triglicérides alto. Conheça os pilares do tratamento:

ALIMENTAÇÃO

Deve-se evitar alimentos gordurosos em excesso, particularmente os de origem animal, como leite integral e derivados, gema de ovo, carnes gordas, miúdos (moela, coração, fígado etc), frutos do mar (camarão, lagosta, mariscos, polvo, lula, caviar etc). Quem possui triglicérides alto também deve controlar o excesso de açúcar, massas e bebidas alcoólicas. O consumo de frutas, legumes e verduras, ricos em fibras e antioxidantes, também tem ação benéfica sobre o perfil lipídico.

Veja, abaixo, alguns alimentos cujo consumo pode auxiliar na redução do colesterol ruim e/ou aumento do HDL, quando associados a outros hábitos saudáveis, como dieta equilibrada e atividade física:

- Grãos integrais (farelo de aveia, farinha de linhaça, farelo de trigo etc.): estudo recente indicou que o consumo de três porções (90 g) de grãos integrais por dia foi associado a melhora do perfil lipídico.

- Peixes gordos: a recomendação é consumir duas vezes na semana peixes como salmão, sardinha, arenque, cavala, atum voador e linguado, ricos em ômega 3, de preferência assados. 

- Fitoesteróis: componentes exclusivos dos vegetais que possuem estrutura semelhante a do colesterol, e por isso competem com eles na digestão. Estudos indicam que 2 g ao dia levam a uma redução de 10% no LDL. Pode ser encontrado em alimentos como nozes, soja, amêndoas ou abacate, adicionados a alimentos ou ingeridos em cápsulas. 

- Alho cru: possui substâncias que agem no fígado, podendo ajudar no controle do colesterol.

- Azeite: rico em ômega 3, 9 e polifenóis, também ajuda a aumentar o HDL. Só não vale exagerar, já que o óleo é calórico. 

- Uva: o consumo moderado de vinho tinto (desde que haja o aval do médico) ou de suco integral de uva protege as artérias contra a oxidação do colesterol livre no sangue

ATIVIDADE FÍSICA 

Pilar importante para controlar o triglicérides e aumentar o HDL, o ideal é praticar 30 minutos de exercício aeróbico leve (como caminhada, corrida, natação, bicicleta etc) cinco vezes por semana; ou 20 a 60 minutos de atividade física vigorosa três vezes. Se possível, exercícios de força (musculação) também devem ser incluídos na rotina. Lembre-se que é preciso consultar o médico para saber qual a intensidade e a frequência semanal mais indicada para você.

MEDICAMENTOS

- Estatinas: são o grupo mais utilizado no controle das dislipidemias, pois diminuem a produção de colesterol LDL pelo fígado. Exemplos: sinvastatina, rosuvastatina, atorvastatina e pitavastatina. Efeitos colaterais: dores de cabeça, musculares, artralgias, aumento de enzimas hepáticas (comprometimento do fígado) e sensação de fraqueza.

- Ezetimiba: reduz a absorção de colesterol no intestino. Efeitos colaterais: dores musculares, artralgias e alterações de enzimas hepáticas são os mais comuns. 

- Anticorpo monoclonal: o evolocumabe, aprovado em 2016 no Brasil, atua em uma proteína chamada PCSK9, impedindo que se ligue a receptores no fígado para a síntese de LDL. A droga é injetável e indicada para pacientes que não respondem ou são intolerantes às estatinas. O maior obstáculo é o preço, ainda muito alto. Efeitos colaterais podem incluir dores articulares, lombalgia, reações no local das aplicações e infecções das vias aéreas superiores. 

- Orlistate: embora lançado como "emagrecedor", foi desenvolvido para reduzir o colesterol por reduzir a absorção intestinal de gorduras. Efeito colateral: diarreia.

- Fibratos: grupo de medicamentos indicados para redução do nível de triglicérides. Efeitos colaterais: sintomas gastrointestinais e alteração de enzimas hepáticas.

- Derivados do ácido nicotínico: indicados para aumento do HDL. Efeitos colaterais: enrubescimento da pele, sintomas gastrointestinais e hepatoxicidade.

- Fitoterápicos: produtos à base de Monascus purpuricus (ex: Monaless) têm sido indicados por alguns médicos como coadjuvante no tratamento. Efeitos colaterais: elevação de enzimas hepáticas e, às vezes, dores musculares e/ou articulares. 

- Outros: o tratamento de condições que podem interferir na dislipidemia também é fundamental, como o uso de hormônio para o hipotireoidismo, ou de hipoglicemiantes para quem tem diabetes ou pré-diabetes, ou drogas que ajudam no emagrecimento. A liraglutida, indicada para pacientes com diabetes e obesidade, também ajuda a diminuir o colesterol. 

COMO AJUDAR QUEM TEM COLESTEROL ALTO?

A melhor forma de ajudar um familiar ou amigo é incentivar a prática de exercícios físicos, a alimentação saudável e o controle dos fatores de risco. Também é importante lembrar sobre a necessidade de ir ao médico com regularidade e tomar os medicamentos prescritos corretamente. 

PREVENÇÃO 

A adoção de hábitos de vida saudáveis, como uma dieta balanceada e a prática regular de atividade física, é fundamental para a prevenção de fatores de risco cardiovasculares como as dislipidemias.

A seguir, dez passos para uma alimentação saudável: 

1. Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia. Não pule as refeições. 

2. Inclua diariamente seis porções do grupo de cereais (arroz, milho, trigo, pães e massas), tubérculos, como as batatas, e raízes, como a mandioca, nas refeições. Dê preferência aos grãos integrais e aos alimentos em sua forma mais natural. 

3. Coma diariamente pelo menos três porções de legumes e verduras como parte das refeições e três porções ou mais de frutas nas sobremesas e nos lanches. 

4. Coma feijão com arroz todos os dias ou, pelo menos, cinco vezes por semana. Esse prato brasileiro é uma combinação completa de proteínas e bom para a saúde. 

5. Consuma diariamente três porções de leite e derivados e uma porção de carnes, aves, peixes ou ovos. Retirar a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação torna esses alimentos mais saudáveis! 

6. Consuma no máximo uma porção por dia de óleos vegetais, azeite, manteiga ou margarina. Fique atento aos rótulos dos alimentos e escolha aqueles com menores quantidades de gorduras trans. 

7. Evite refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos doces e recheados, sobremesas e outras guloseimas como regra da alimentação.

8. Diminua a quantidade de sal na comida e retire o saleiro da mesa. Evite consumir alimentos industrializados com muito sal (sódio), como hambúrguer, salsicha, linguiça, presunto, salgadinhos, conservas de vegetais, sopas, molhos e temperos prontos.

9. Beba pelo menos dois litros (seis a oito copos) de água por dia. Dê preferência ao consumo de água nos intervalos das refeições. 

10. Evite as bebidas alcoólicas e o fumo. 

Fontes: Adriana Bertolami, cardiologista e diretora do Departamento de Aterosclerose da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia); Jacqueline Moniz Anversa,  nutricionista clínica e esportiva; Maria Fernanda Barca endocrinologista membro da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e da SEE (Sociedade Europeia de Endocrinologia); Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (SBC-2017); American Heart  Association.

Tatiana Pronin
UOL VivaBem

sábado, 22 de setembro de 2018

ENTENDA COMO AGEM OS 4 MEDICAMENTOS PARA EMAGRECER APROVADOS NO BRASIL



A obesidade é uma das maiores epidemias do século. Ela pode causar ou agravar muitos problemas de saúde, como pressão alta, diabetes tipo 2apneia do sono, osteoartrose entre outros. De acordo com as Diretrizes Brasileiras de Obesidade, o tratamento com medicamentos é indicado para pessoas com Índice de Massa Corpórea (IMC) acima de 25 kg/m2 e que apresentam doenças associadas ao excesso de peso. Ou ainda para aquelas com IMC acima de 30 kg/m2 independentemente de terem ou não complicações do excesso de peso.

Existem quatro medicamentos aprovados pela ANVISA para o tratamento da obesidade:

. Orlistate;
. Sibutramina;
. Liraglutida;
. Lorcasserina.

É importante destacar que o tratamento com medicamentos sempre deve vir acompanhado de mudança de estilo de vida, como dieta e prática regular de exercícios físicos, e sempre acompanhado pelo médico. A seguir, explico melhor como cada um dos remédios agem no organismo e ajudam na perda de peso.

Orlistate
É um medicamento que inibe a ação de lipases intestinais, podendo reduzir em até 30% a absorção da gordura consumida na refeição. Não age no apetite, mas acaba ajudando a emagrecer pois uma parte da gordura ingerida acaba sendo eliminada nas fezes. Claro que deve ser aliado a uma dieta saudável, pois se o consumo de gorduras for muito exagerado não haverá um déficit de calorias, o que é necessário para a perda de peso. Tem como efeitos colaterais fezes oleosas, diarreia e dor abdominal, que podem acontecer com mais frequência.

Sibutramina
Age no sistema nervoso central por meio de dois neurotransmissores: a serotonina e a noradrenalina. Com isso, reduz a vontade de comer, mantendo o corpo saciado por mais tempo, além de deixar o metabolismo mais acelerado. Essas ações acabam levando ao menor consumo de calorias e maior gasto de energia. No entanto, a sibutramina pode aumentar os batimentos cardíacos e a pressão arterial. Por isso, não deve ser usada por pessoas com problemas cardíacos, por exemplo, aquelas com arritmia, hipertensão arterial descontrolada, angina ou que já sofreram infarto e derrame.

Liraglutida
Atua no organismo da mesma forma que um hormônio chamado GLP-1, naturalmente produzido pelo intestino nas refeições. Esse hormônio reduz o esvaziamento do estômago e sinaliza para o cérebro que estamos alimentados, promovendo saciedade. Existem evidências de que a substância participa também da regulação do apetite hedônico –aquele em que a busca alimentar se dá por recompensa e prazer. A liraglutida também é usada no tratamento de diabetes tipo 2, pois aumenta a sensibilidade do pâncreas para produzir insulina. É uma medicação aplicada por injeções diárias via subcutânea e tem como principais efeitos colaterais náusea, intestino preso e sintomas de refluxo.

Lorcasserina
Já foi aprovada pela Anvisa mas ainda não é comercializada nas farmácias. Ela age via serotonina no hipotálamo –região cerebral que participa do controle do apetite. A ação se dá em único tipo de receptor de serotonina (5HT2c), que além de estar presente no hipotálamo é bastante expresso em uma região cerebral envolvida com o comer emocional, mas os estudos ainda são escassos com esse perfil de pessoas. Os principais efeitos colaterais são dor de cabeça, náusea, boca seca e intestino preso.
É importante ressaltar que para uma medicação ser aprovada pelas agências regulatórias ela tem de passar por diversas pesquisas clínicas e demonstrar segurança e eficácia na perda de peso. A obesidade é doença crônica, que pode prejudicar muito a saúde. Deve ser encarada com respeito e o tratamento ético é fundamental.

Cintia Cercato
Viver Bem

ARRANCAR UM FIO DE CABELO BRANCO FAZ NASCER VÁRIOS OUTROS NO MESMO LUGAR?



Um dia você se olha no espelho e ele está lá, saltando aos seus olhos, um fio de cabelo branco! Sem pesar muito, você arranca o "intruso" da sua cabeça. Mas aí se lembra de ter ouvido que ao fazer isso nascerão vários outros no mesmo lugar, e bate aquele arrependimento. Pois pode parar se de preocupar, essa história não passa de um mito. 


O que acontece quando arrancamos um fio de cabelo branco? 
Não se sabe exatamente com quantos folículos capilares --local onde fica a raiz do fio -- uma pessoa nasce, mas estima-se que seja algo entre 100 e 150 mil. O fato é que a imensa maioria deles tem apenas um fio. Sendo assim, ao arrancar um branco, o que acontecerá é que outro surgirá em seu lugar. A má notícia para quem não curte a cabeleira grisalha, é que ele continuará sem cor. 

Mas, então, por que parece que os cabelos brancos se multiplicam? O primeiro ponto é que eles se destacam quando estão perto dos escuros. Além disso, o fio de cabelo branco cresce mais rapidamente e tem uma textura diferente, um pouco áspera, o que faz com que ele chame ainda mais a atenção. 

É preciso salientar que arrancar cabelos brancos de vez em quando não faz mal algum. Porém, ao repetir essa atitude excessivamente, você corre o risco de traumatizar a raiz e machucar o couro cabeludo. 

Por que os fios ficam brancos? 
Como praticamente tudo no nosso corpo, o cabelo tem seu ciclo de vida e também envelhece. E um dos sinais disso é justamente o embranquecimento. A mudança de cor ocorre porque os melanócitos, células produtoras de melanina, a proteína que dá cor às madeixas, “param de funcionar” e de transmitir o pigmento --tudo de forma gradual. 

Não dá para saber quando a cabeleira começará a ficar grisalha, pois depende da genética --a idade em que os fios do seu pai e dos seus avôs começaram a ficar brancos pode ajudar você a ter uma ideia. Em algumas pessoas esse processo natural se inicia na adolescência. Em outras, após os 60 anos. 

Vale destacar que o estresse, por provocar a oxidação celular, pode adiantar o momento. A recomendação para evitar que isso aconteça é manter uma vida saudável e o equilíbrio emocional. Também pode-se recorrer a vitaminas e agentes oxidantes. 

Cuidados com o cabelo branco 
Não é porque o cabelo ficou branco que ele será mais frágil ou doente. A única diferente em relação ao ruivo, loiro, castanho ou preto é que ele deixa de ter a proteção da cor, tornando-se mais suscetível à ação do sol e com tendência a amarelar. Nesse caso, o ideal é usar boné ou chapéu, produtos com filtro solar e, uma vez por semana, xampu violeta para neutralizar o tom amarelo. 

Também é indicado optar por xampus específicos para grisalhos. Fora isso, quem não quiser manter as madeixas brancas tem como alternativas os tonalizantes --indicados para pessoas com poucos fios brancos -- e as tinturas --quando mais de 20% do cabelo já perdeu a cor). No mais, os cuidados são os básicos: evitar água muito quente, secador na temperatura máxima e procedimentos químicos --se quiser realmente realizá-los, ao menos aumente o intervalo entre eles. 

Fontes: Caio Lamunier, dermatologista do Hospital das Clínicas de São Paulo; Emily Alvernaz, dermatologista da Clínica Goa (RJ); e Rodrigo Pirmez, coordenador do Departamento de Cabelos da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) - Regional Rio de Janeiro - e dermatologista da clínica Dr. André Braz (RJ). 


Renata Turbiani

Colaboração para o VivaBem

quinta-feira, 29 de março de 2018

DIABETES: AS NOVAS TÁTICAS E TECNOLOGIAS PARA O CONTROLE ADEQUADO

Lançamentos de exames modernos levantam a questão sobre o que é um bom manejo dessa doença, perigosa justamente por não dar muitos sintomas

Não é novidade para ninguém: o Brasil vivencia uma das piores crises econômicas da sua história. Uma das consequências inevitáveis desse processo é o atual recorde de 14 milhões de desempregados. Mas outro problemão ronda o país e passa um tanto despercebido.

Esse mesmo número de 14 milhões é a quantidade de brasileiros com diabetes, quadro marcado por dificuldades no controle dos níveis de açúcar no sangue. Com um detalhe bem sórdido nessa estatística: metade dessas pessoas nunca recebeu o diagnóstico e segue a vida como se nada tivesse acontecido.

Falta de acesso à informação e a ausência de políticas públicas robustas impedem que muitos saibam de sua condição e iniciem o tratamento adequado. “Todos os indivíduos com mais de 40 anos e aqueles que são hipertensos, estão acima do peso ou possuem histórico familiar de diabetes deveriam verificar a glicemia regularmente”, diz o clínico geral Augusto Pimazoni-Netto, do Hospital do Rim da Universidade Federal de São Paulo.

No exame de sangue, resultados superiores a 100 miligramas por decilitro (mg/dl) após jejum de oito horas já preocupam. Se eles ultrapassam os 126 mg/dl, o diabetes está praticamente confirmado. É necessário ratificar os achados por outros métodos, como o teste de tolerância à glicose, que envolve beber um líquido açucarado e ver como o corpo reage, e a hemoglobina glicada, uma média dessas taxas nos últimos três meses.

A partir do momento em que ela é detectada, o médico prescreve remédios e propõe mudanças no estilo de vida – tudo com o objetivo de manter a glicose na meta. Para acompanhar e corrigir desvios de rota, é importante vigiar de perto o sobe e desce do açúcar. Isso geralmente é realizado por meio de um furo na ponta do dedo e uma gota de sangue. O glicosímetro, um aparelhinho portátil, é capaz de fazer a análise desse material em questão de minutos.

Diversos estudos demonstram que o controle rígido evita encrencas bastante comuns. Uma pesquisa da australiana Universidade de Sydney, publicada no reputado periódico The Lancet, reuniu dados de 27 mil diabéticos e concluiu que a monitorização constante diminui em 20% o risco de danos aos rins e em 13% as lesões oculares, duas temidas repercussões da doença.

Mas quantas vezes ao dia o indivíduo deveria repetir a picada no dedo em casa? 

Não existe uma fórmula mágica. Em linhas gerais, quando o diabetes (seja o tipo 1, seja o tipo 2) exige tratamento com insulina, se recomenda checar até sete vezes ao longo das 24 horas: antes e depois das refeições e inclusive na madrugada. “Nos diabéticos do tipo 2 que usam medicações orais e estão com a condição balanceada, não há recomendação de medidas tão fixas”, afirma o médico Airton Golbert, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Só não dá pra se esquecer de conferir de tempos em tempos.

Mas a estreia de uma nova tecnologia vem mudando pra valer a forma como o diabetes pode ser acompanhado. O Free-Style Libre, da Abbott, inaugurou a categoria dos sistemas de monitorização contínua da glicemia. Em vez de furos nos dedos, o diabético gruda um sensor do tamanho de uma moeda de 1 real na parte traseira do braço, que fica ali por 14 dias seguidos.

Caso ele queira saber a taxa, basta aproximar ao sensor um dispositivo parecido com um celular, que aponta o saldo na tela. Mais do que isso, o apetrecho, vendido há cerca de um ano por aqui, indica a tendência de queda ou alta do açúcar nas próximas horas, o que ajuda a evitar quadros de excesso ou falta de glicose, as famigeradas hiper e hipoglicemia.

Estudos vêm mapeando como a novidade traz vantagens na prática. A análise de 50 mil usuários revela um acréscimo de quase cinco horas no tempo de permanência dentro da faixa ideal de glicemia estabelecida. “Eles ainda checam a glicose 16 vezes ao dia, número muito superior ao que vemos normalmente”, observa Sandro Rodrigues, gerente da Divisão de Cuidados para Diabetes da Abbott Brasil.

Analisar de perto as curvas glicêmicas do diabético – especialmente o tipo 1 e o tipo 2 que demanda insulina – é o sonho de qualquer profissional de saúde. Isso permite flagrar alterações que antes eram imperceptíveis. “Vamos imaginar dois sujeitos com uma média de glicemia de 120 mg/dl no dia, que é um valor bom. Um deles tem variação de 110 a 130 mg/dl e outro de 30 a 300 mg/dl.

Qual deles está realmente controlado?”, questiona o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto. Em outras palavras, por mais que o valor mediano esteja ok – como até acusa o exame de hemoglobina glicada -, a inconstância provoca estresse no organismo e leva a uma série de encrencas.

Detalhe: na maioria das vezes, essas subidas e descidas não dão sintoma algum! E olha que a hipoglicemia pode desembocar em desmaios, coma e até morte súbita. A hiperglicemia, por sua vez, lesa os vasos sanguíneos, propiciando, com o tempo, cegueira, falência dos rins, infarto e AVC. “O diabetes não é uma doença que se sente, mas uma doença que se mede”, sentencia Couri.

No mundo high tech

O FreeStyle Libre é pioneiro em um segmento que vai se expandir nos próximos anos. Várias empresas estão trabalhando em suas versões. É o caso da americana GlySens Incorporated. Eles desenvolveram um sensor implantado debaixo da pele que dura até 12 meses.

As pesquisas com seres humanos estão em andamento e, por enquanto, não há previsão de lançamento. Outra opção vem da Dexcom, também dos Estados Unidos. O invento deles apresentou boas performances em testes iniciais.

Até os clássicos glicosímetros foram repaginados e ficaram mais modernos. A Johnson & Johnson, por exemplo, acaba de disponibilizar um aparelho que trabalha com um sistema de cores: o visor fica verde se o valor estiver nos limites, vermelho quando se mostra acima e azul quando fica abaixo. É possível personalizar as metas de acordo com cada perfil. “Essa inovação possibilita ao usuário entender melhor o significado daqueles dados”, explica Manoela Cordeiro, gerente de produto da companhia.

Há ainda aplicativos de celular disponíveis que facilitam a vida de quem tem o sangue adocicado. Alguns calculam o carboidrato ingerido durante a refeição e a dose de insulina a ser injetada. “Muitos trazem informações relevantes e auxiliam, desde que tenham o aval do especialista que faz o seguimento”, pondera o endocrinologista Luiz Turatti, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes.

Não tem volta: a tecnologia vai mudar muita coisa no controle dessa condição. Mas nunca vai substituir o contato entre médico e paciente. Essa parceria e a adesão ao plano proposto continuarão determinantes para o sucesso do tratamento.

A escalada do açúcar no sangue

Ficar no intervalo seguro de glicemia minimiza várias enrascadas

Hipoglicemia

Abaixo de 70 mg/dl. Desmaio, náusea, fraqueza, coma e morte súbita.

Faixa normal

Entre 70 e 140 mg/dl.

Hiperglicemia

Acima de 140 mg/dl. Doenças cardíacas, renais, oculares e neurológicas.

Medidas extras

Outras avaliações são essenciais para se adiantar às complicações

Perfil lipídico

É comum que diabéticos tenham colesterol alto, o que eleva o risco de panes cardiovasculares.

Função renal e hepática

O aumento de certas partículas sinaliza que algo não vai bem no fígado ou nos rins. É pra ficar atento!

Fundo de olho

Tem o objetivo de ver se está tudo bem na retina e antecipar danos à visão, como a retinopatia.

Avaliação neurológica

Realizada por meio de questionários no consultório, observa se o sistema nervoso não foi afetado.

Exame dos pés

Esquadrinha a pele para ver frieiras e feridas, que infeccionam e podem até exigir amputação.

Por André Biernath
Revita Saúde